Recentemente a deputada federal Benedita da Silva disse em uma
reunião de seu partido: “Quem sabe faz a hora e faz a luta; e a minha bíblia
está escrito que sem derramamento de sangue, não haverá redenção. Vou à luta, e
vamos à luta, com qualquer que seja as nossas armas”. Uma defesa
explícita a violência. Algo que um deputado nunca deveria fazer. Quando um
político faz uma apologia a violência desta forma tem que ser expulsa da vida
política partidária. Pois, a violência em nosso país vem aumentando. E com esta
atitude não ajuda em nada uma cultura da paz.
E para piorar ela usa um texto da Bíblia para tentar fundamentar
seu iníquo pensamento. O texto em questão pode ser lido no livro de Hebreus, no
capítulo 9. Mais precisamente no versículo 22: “E quase todas as coisas, segundo
a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há redenção.”
Neste capítulo nos ensina sobre o sacrifício de Jesus Cristo para salvar a
humanidade de seus pecados. Não é um sacrifício para se produzir mais pecados.
Se houver este tipo de ensinamento não foi ensinado por Jesus Cristo. Jesus
Cristo é conhecido como príncipe da paz. E ele mesmo disse: “Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize.” Este passagem fica no Livro de João, no capítulo 14
e no versículo 27. Este é um dos ensinamentos mais significativos para todos os
que realmente desejam paz e desenvolvimento humano para todos.
A paz que o mundo dá é totalmente diferente do que a paz que
Cristo oferece, mas parece que esta deputada não entendeu ou quer manipular as
pessoas para seu real intento. No capítulo em questão começa explicando como
funciona as ordenanças no santuário terrestre. Que também é conhecida como templo.
Ensina que estes rituais são uma alegoria do que estava por vir, ou seja, era
um simbolismo do sacrifício de Cristo. No versículo 12 está explícito que o
sangue em questão é o de Jesus Cristo para uma redenção eterna. No versículo 14
ensina a todos que Jesus Cristo se ofereceu para tal atividade.
As ordenanças feitas nestes tabernáculos que ofereciam
sacrifícios de animais eram considerados como o primeiro testamento, o que
Cristo fez é o novo testamento. Significa que Jesus Cristo foi o último sacrifício
a ser feito deste modo para aniquilar o que nos impedia de um desenvolvimento
melhor e perfeito, se nós quisermos.
Este sacrifício que está sendo exposto neste capítulo está
descrito no Livro de Lucas, mais precisamente no capítulo 22, do verso 39 a 46.
Foi uma atitude solitária no sentido de não ter a participação de ninguém, como
uma briga física ou guerra. Então não é legítimo usar este versículo para
tentar defender uma luta, uma revolução ou qualquer manifestação parecida, como
escrevi no início Jesus Cristo é o príncipe da paz e não da guerra.
Um pouco depois deste acontecimento Jesus Cristo é preso.
Nesta ocasião Pedro ataca um deles e corta-lhe a orelha. Um convite para que
Cristo se defendesse com agressões contra eles e talvez desse início a uma resistência
militar. Talvez com esta atitude, Pedro pensou, agora vamos a luta. E era isto
que o povo estava esperando, um libertador soltado. Uma pessoa que estava
disposta a derramar sangue, mas Jesus Cristo já derramou todo o sangue que
poderia derramar para ajudar a humanidade. Mas, a atitude de Cristo foi outra.
Ele curou a pessoa que teve sua orelha cortada.
Se fosse para derramar sangue do jeito que a deputada diz,
este era o melhor momento para se promover qualquer violência ou defesa cuja
consequência seria o derramamento de sangue. E segundo o que estudamos seria um
derramamento de sangue inútil.
E neste sentido a História é interessante, pois foi
exatamente isto que ocorreu algum tempo depois. Alguns judeus da época quiseram
pegar em armas para se libertar do império romano. Então possivelmente a
atitude de Pedro ao atacar os que estavam prendendo Jesus Cristo foi incentivar
uma guerra, pois talvez já estariam organizados para este fim. E só precisavem
do aval do mestre. E depois de algum tempo consolidaram esta vontade. Só que o império
romano estava melhor preparado e também mais numerosos e melhor armados não
deixaram que este judeus que queriam a guerra prevalecesse. E tiveram que
fugir. Fugindo foram para um local muito alto e a única saída seria descer por
cordas e entrar em uma caverna. E foi isto que fizeram. Então os romanos
acamparam próximo da caverna, pois a única saída para o judeus seria voltar por
onde vieram e enfrentar os romanos. Mas, sem condições para isto resolveram
ficar dentro da caverna. E os romanos não quiseram derramar sangue e ficaram
acampados ali e esperaram. E o que sabemos é que os judeus que estavam na
caverna morreram de fome.
É muita irresponsabilidade usar a Bíblia para promover a
violência. Neste capítulo de Hebreus citada pela deputada está escrito que
dentro do tabernáculo ou templo estava a arca da aliança. Aliança devemos
entender que é para a paz e não para a guerra. E dentro desta arca tinha
algumas coisas, entre elas tinha a tábua dos 10 mandamentos. E um dos
mandamentos é não matar. E é isto que devemos fazer, é incentivar a paz,
motivar a paz. Fazer apologia a paz. Fora disso não é aceitável principalmente
para um deputado, seja homem ou mulher.
A paz é muito melhor que a guerra e o derramamento de sangue.
É na paz que o ser humano se desenvolve. Gandhi disse: “Eu sou contra a
violência porque parece fazer bem, mas o bem só é temporário; o mal que faz é
que é permanente.” Um bem temporário é enganação e o mal permanente é retrocesso.
Pensar para frente promovendo a paz e o desenvolvimento humano é o que o povo
quer que seu representante político faça. Apologia a derramamento de sangue é
desnecessário.
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