Na atualidade,
a escola está passando por uma situação que está dando oportunidade de se
pensar a escola de modo diferente que até então se estava pensando. Alguns
fatos como a ocupação da escola por alunos. Também a proposta da escola sem
partidos e a flexibilidade do currículo. São fatos importantes para se pensar a
escola. É consenso que não existe futuro promissor e desenvolvido sem uma
educação de qualidade. É um ponto importante para se começar. Também é consenso
entre várias pessoas do povo que o governo, seja ele de esquerda ou de direita,
não está preocupado em oportunizar uma escola pública de qualidade.
Muitos dizem
que antigamente a escola pública era de qualidade. Na verdade, nunca no Brasil
houve uma escola de qualidade. Existiu sim uma escola melhor do que temos hoje.
E também a escola não acompanhou a complexividade da sociedade. E este
acompanhamento é o que podemos considerar como uma parte da qualidade do ensino
público. Com o passar do tempo a sociedade foi se diversificando e se
desenvolvendo muito e a exigência é muito maior do que antes.
E a escola não
se atualizou. Por exemplo, alguns anos trás, na década de 80 do século passado,
para se conseguir um emprego de Office boy, bastava você saber usar um guia de
rua. E geralmente uma empresa ensinava a fazer isso. E para ser promovido para
auxiliar de escritório, bastava você saber usar uma máquina de escrever. E
saber atender um telefone. Que o cargo era seu. Hoje em dia as coisas são
diferentes. A máquina de escrever foi substituída pelo computador. E não basta
você usar o computador como uma máquina de escrever evoluída. Tem que saber
usar outros programas, como uma planilha e usar a internet, entre outros
programas. Só saber atender o telefone não é mais suficiente, pois também temos
que responder e-mails. Entre outras coisas.
Uma escola com
uma só ideologia, que não tem uma flexibilização do conteúdo e não há
possibilidade de se preparar para o mundo do trabalho e para o mercado do
trabalho está condenada ao fracasso. As ocupações que os alunos fizeram para
reivindicar o não fechamento de algumas escola foi muito importante para se
pensar a educação como um todo. E também demonstrou que a escola não foi
esquecida pela sociedade. Algo que o governo pensou que a escola não era
prioridade para a sociedade. E este ponto o governo estava errado. E que bom
que o governo estava errado. Já que a escola não reprova em muitas
circunstâncias então o governo deve ter apostado no esquecimento da escola pela
sociedade. Pena que estas ocupações viraram uma forma de baderna, de bagunça.
Foi só os partidos políticos começarem a se envolver nestas ocupações que a
bagunça também começou. O que os políticos não corrompe?
Para se ter
uma escola de qualidade deveria ser proibido a família de políticos estudarem
em escola particular. Daí você iria ver a qualidade da escola ser outra. Não
erro em dizer que a escola brasileira seria uma das melhores do mundo.
Muitos
especialistas em educação defendem uma escola democrática. E outros defendem
uma escola humanista. Tanto uma como a outra defende uma autonomia do aluno. No
sistema piagetiano o papel do professor é de facilitador e propõem que o aluno
seja sujeito de sua educação e não mais objeto. Já Vygotsky também
postula que o aluno precisa conduzir sua formação, por isso defende que o papel
do professor é de mediador. Paulo Freire já acredita que historicidade do aluno
e o professor em sua função deve ser um animador. Saviani considera a
importância da conscientização, ou seja, a passagem do mito para a atitude
filosófica. A Teresa Rios além de defender a ética da competência, também
afirma que os alunos não erram e sim eles tentam acertar. Pelo menos os que
levam a sério a escola.
Todos estes
pensadores que contribuíram para a educação formal têm algo em comum, a
democracia. Este projeto proposto pelo governo federal é importante porque o
aluno tem o direito de se posicionar em relação a seu estudo. Esta
flexibilidade é importante não só para que o aluno decidir formalmente sua
direção, mas é também exercer sua decisão, sua escolha. Aprender a escolher é
tão importante como fazer equação do segundo grau como fazer análise sintática.
Acredito que isso irá trazer benefícios para a sociedade. Estudar o que escolhe
pode ser uma alternativa, ou uma opção de enfrentamento ao desperdício escolar
que em partes se dá pela evasão escolar. E também acredito que o diálogo entre
docente e discente pode melhorar. Pois, gostar de ensinar só combina com o
gostar de aprender.
René Descartes
defendeu que o indivíduo pensa. Já Pascal deu importância do sentir. Já Hegel
postulou na historicidade. Estas dimensões do ser humano estão acontecendo
simultaneamente. O que está faltando é a questão ética, como a de Kant e o
imperativo categórico e sua defesa de atitudes transparentes. Algo que os políticos
não gostam muito, pois querem que continuem a existir caixa dois, dinheiro não
contabilizado e o pior, contabilidade criativa.
E o ser humano
na atualidade, principalmente no Brasil, perdeu muitas referências e estas
dimensões podem ser conflitantes ou não. E o aluno levado a se “auto-decidir” é
benéfico porque ele terá que escolher qual opção é a melhor para ele. Ele será
racionalista? Ou ele será mais sentimental? Ou vai se preocupar com sua
historicidade? Quais os valores que ele terá que considerar para sua escolha?
Sua escolha será ética? Por isso a ética e a moral deve ser estudada e daí um
grande mistério será revelado ao aluno. Faça um teste, pergunte a um estudante
do ensino médio para explicar a frase de Pascal, a verdadeira moral zomba da
moral. Tenho certeza que não irá saber a resposta. Este é um grande enigma para
estes alunos que a escola só tem uma ideologia. Esta análise feita pelo aluno,
suas escolhas e decisões será muito importante para o seu desenvolvimento. Mas,
o problema não será o aluno. O problema será o Estado.
Será que o
Estado irá conseguir dar opções para este aluno? Pois um jovem animado e
motivado irá exigir energia. Pois se o Estado não der conta de contribuir para
as expectativas para este jovem resultará em mais uma opção de frustração. Ou
escola particular de qualidade irá conseguir dar várias opções para este aluno?
O que poderia significar uma real oportunidade para todos, só será mais uma
ferramenta para continuar a elitização da sociedade. E por sua vez a exclusão
social e o preconceito. E nos lugares mais afastados das capitais já existe
dificuldade de se manter uma escola com todas as disciplinas e como será com
este ensino mais flexível? É outro ponto importante a se pensar. Mas, também
não podemos parar no tempo. O Brasil é muito grande então os problemas terão a
mesma proporção. Resolver cada um deles é muito difícil, mas tem que ser feito.
Trazer o ensino técnico para mais
próximo do aluno é uma opção importante para uma educação de qualidade e
democrática.
A inclusão da formação profissionalizante no ensino
médio tem potencial de impacto social importante. Hoje, perto de 90% dos jovens
que terminam o ensino médio não vão para a faculdade. A maioria nunca mais
retorna a uma sala de aula. A oportunidade de receber formação para o mercado
de trabalho ainda na escola pode mudar a trajetória social desse jovem. (Época)
Esta proposta
de flexibilização da educação é importante para a democracia. Na verdade é uma
evolução normal de um sistema democrático. Tem que acontecer. Mas, o governo
precisa aprender a escutar mais o povo, que é quem paga para que a escola
exista. Pois, os impostos são muito alto para se ter uma educação “meia boca”,
sendo otimista. O aluno que é o objetivo central da educação. E o mestre que é
que faz a educação acontecer. O presidente da CPP (Centro do Professorado
Paulista) professor José Maria Canselliero escreveu:
Uma reforma do ensino médio era necessária, diante de
estatísticas que mostram desistência de praticamente 50% de nossos jovens. No
entanto, legislar por medida provisória significa não dar oportunidade de
participação da sociedade e do segmento que estão envolvidos no processo
(professores e alunos, principalmente).
(Jornal dos Professores, p.2)
Além de focar
no aluno, também é importante considerar a sociedade. Talvez o foco principal
deva ser a sociedade. É o mesmo do projeto da escola sem partido. Também é uma
evolução da democracia, pois uma escola que só tem uma ideologia em que o aluno
não pode conhecer outra forma de pensamento não condiz com a escola cujo
objetivo é aprender.
De tudo o que foi dito, conclui-se que a importância
política da educação reside na sua função de socialização do conhecimento. É
realizando-se especificidade que lhe é própria que a educação cumpre sua função
política. (SAVIANI, 2000, p.88)
Todos estes
acontecimentos demonstram uma preocupação com a educação e com a democracia é
cada vez mais presente no dia a dia. O que significa que a democracia faz parte
da qualidade do ensino. A educação tem que contribuir para um aluno melhor e
consequentemente para uma sociedade melhor. E não para uma reprodução o que
temos hoje em dia na sociedade. Se for para reproduzir o que temos hoje na
sociedade não necessita de reformulação da educação, pode-se deixar como está. Também
não se precisa de muitos investimentos. Na verdade o que se investiu foi
exatamente em uma escola partida, segmentada. E também não queremos uma nova
roupagem para esta escola partida, a educação tem que ser coisa séria. E tem
que ser para todos. A escola democrática presupoem participação ativa e uma
participação ativa presupoem escolhas e
escolha necessita de alternativas. Sem alternativas não existe diálogo e sim
monólogos. Não tem lógica em um mundo com várias ideologias não poder
apresentá-las. Um professor que não consegue ver, conhecer, ensinar as mais
variadas visões de mundo. Não pode ser considerado um professor. É um vendedor,
pois o vendedor tem um foco, um objetivo e tem que se virar com isto. Um
professor que gosta de uma certa ideologia e não aceita conhecer outra, na
verdade está dificultando sua própria evolução de si. E sempre estamos
aprendendo com o outro.
Bibliografia
Jornal dos Professores. Publicação do Centro do Professorado
Paulista. Edição: outubro de 2016, n°469, ano: LII
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/09/nossa-opiniao-enfim-o-ensino-medio-vai-mudar.html.
29/09/2016 - 16h34 - Atualizado 04/10/2016
20h40
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia.
Editora Autores Associados: Campinas, 2000.
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